domingo, 28 de junho de 2015

HIPERTENSÃO ARTERIAL EM CÃES E GATOS

A hipertensão arterial é uma doença que acomete cães e gatos, porém é pouco diagnosticada devido à falta de hábito dos médicos veterinários em medir a pressão arterial de seus pacientes  É caracterizada por pressão arterial sistólica superior a 180 mmHg nos cães e gatos sem sintomas; em pelo menos três medidas em momentos distintos ou nos casos de pressão arterial sistólica acima de 170 mmHg em pacientes com sintomas.

 
A hipertensão sistêmica é classificada em primária (essencial) ou secundária a outras doenças como nefropatias crônicas, diabetes mellitus, obesidade, trauma do SNC, hipertireoidismo e hiperadrenocorticismo. Pode gerar complicações como cegueira, hemorragias oculares, glaucoma, descolamento de retina, síncopes, convulsões, deterioração na função renal, epistaxe, hipertrofia de ventrículo esquerdo e sopros cardíacos.


É importante ressaltar que a hipertensão arterial sistêmica é um “mal silencioso”, ela pode estar presente num paciente sem que este apresente qualquer sintomatologia clínica. Porém este mal pode gerar prejuízos ao coração, ao cérebro, aos olhos e aos rins, muitas vezes fatais.

O tratamento da hipertensão arterial sistêmica não emergencial pode incluir o uso de agentes vasodilatadores, betabloqueadores, diuréticos; bem como a associação com dietas com pouco sal.

A mensuração da pressão arterial sistêmica  de cães e gatos fornece maior segurança no uso de diversos medicamentos pré-anestésicos e anestésicos nos procedimentos cirúrgicos, diagnóstico e efetivo tratamento de doenças renais, cardiovasculares, oculares e de sistema nervoso central bem como da hipertensão arterial primária; garantindo assim benefícios a vida dos animais.

 

RANGELIOSE CANINA OU PESTE DO SANGUE

A rangeliose, também conhecida como nambi-uvú ou peste do sangue, uma doença aguda, hemorragias diversas (distúrbio hemolítico extravascular) que afeta cães no sul do Brasil. Nos últimos 50 anos, até o final do século XX, essa doença foi esquecida pela comunidade acadêmica, mas durante todo esse período, a população de áreas rurais e os veterinários locais permaneceram convivendo com a doença. Em 2001, essa doença voltou a ser estudada por um grupo de pesquisadores. Acredita-se que o causador da rangeliose  seja um protozoário que infesta os tipos de   carrapatos (Rhipicephalus sanguineus e Amblyomma aureolatum), e estes carrapatos contaminados transmitem a doença para espécies que também infectam vários mamíferos selvagens no Rio Grande do Sul. Embora não se conheça o ciclo do parasita, tem sido aventada a hipótese de que esses carrapatos possam veicular o protozoário entre mamíferos selvagens e cães, que talvez o cão seja um hospedeiro errático do protozoário. Outro aspecto interessante, e que foi observado em duas oportunidades recentes, é que a transmissão do protozoário pode ser feita via inoculação de sangue. No entanto, nesses casos, a apresentação clínica e laboratorial é um pouco diferente da observada na doença natural transmitida pelo carrapato. Esse aspecto pode talvez indicar que o protozoário necessite do carrapato para realizar parte de seu ciclo e tornar-se mais virulento.
Resultado de imagem para FOTO DE CÃES COM RANGELIOSEClinicamente, a maioria dos cães com rangeliose desenvolvem sinais como palidez das mucosas seguida por icterícia, esplenomegalia e hepatomegalia, apatia, anorexia, febre, vômito, diarréia, corrimento óculo-nasal mucopurulento, taquipnéia, taquicardia, edema subcutâneo dos membros pélvicos, petéquias, urina levemente escura e sufusões nas mucosas. Uma menor parte dos cães com rangeliose desenvolve doença hemorrágica, caracterizada por um copioso sangramento que ocorre de forma espontânea a partir das orelhas. Essa hemorragia pelas orelhas é uma das apresentações mais conhecidas da doença no Rio Grande do Sul, vindo daí o nome indígena nambi-uvú, que significa, literalmente, “orelha que sangra”. Nenhum teste bioquímico auxilia no diagnóstico da rangeliose,  Ao contrário da maioria das anemias hemolíticas infecciosas, o diagnóstico clínico da rangeliose só é conseguido de forma terapêutica, pois o parasita é apenas ocasionalmente encontrado na circulação (aproximadamente em 4% dos casos). Além disso, atualmente ainda não há testes comerciais que permitam a determinação de anticorpos ou a pesquisa de fragmentos do protozoário. Dessa forma, para se diagnosticar clinicamente a doença é necessária uma associação entre os sinais clínicos e os achados hematológicos (sangue) seguida por um teste terapêutico com drogas anti protozoário. A melhora clínica nesses casos sugere o diagnóstico. Alternativas a essa prática são a punção aspirativa  seguida de avaliação citológica  ou biópsia  do baço, dos linfonodos e da medula óssea.



Fonte de Pesquisa:
Rafael Almeida Fighera Doutorando, Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Laboratório de Patologia Veterinária (LPV), Departamento de Patologia, UFSM, Santa Maria, RS/Brasil.